Será que o mundo precisava se curar? Será que tem cura? Ou será que estava mesmo só de humanidade baixa?
Daqui, eu não preciso de nada. Este é o título do texto que acabo de ler do romancista e roteirista húngaro László Krasznahorkai , ‘conhecido por romances difíceis e exigentes, frequentemente rotulados de pós-moderno, com temas distópicos e melancólicos‘, explica seu perfil no wikipedia. O texto, postado no pé deste meu, me fez pensar no que quero levar desta ‘experiência’/ameaça/dificuldade que estamos passando. Chamei-a de tragédia outro dia e um colega de trabalho respondeu: “Tragédia?” Percebi imediatamente que lhe tirar o otimismo não levaria a lugar nenhum. A positividade parece empurrar as pessoas pra frente, como que ‘garantindo’ um final feliz. Ou melhor. Ninguém pode provar que viver como Poliana faça a menor diferença no resultado final de qualquer coisa, mas que viver resmungando de tudo não ajuda nada, isto é fato.
Sou demais pragmática para adotar qualquer um dos comportamentos acima. A realidade agora é esta. It is what it is = É o que é. Temos de ficar em casa. Ponto. Por quanto tempo?Não sei. Ninguém sabe. Mas estamos falando de meses, não semanas. Até lá, vou levando, onde day at a time. Um dia de cada vez. E, quando não estou cozinhando, escrevendo, lendo, tocando piano, fazendo ginastica, vendo filme/peças de teatro/óperas/series/ concertos – tudo online, of course -, fico aqui pensando com meus botões como é que vou sair desta. Obviamente, estou presumindo que viva. (quem é que estava garantindo logo ali acima que ser otimista não levava a nada?!?)
Mas voltemos ao László e seu texto que provocou a minha vontade de pensar no que quero levar disto aqui. E para continuar ‘brincando’ com László vou nomear as que quero levar dentre as que ele lista não precisar. Não fico sem a primavera e o outono, os caminhos que partem, as noites na cozinha, o derradeiro olhar do amor e todos os imperativos terríveis que conduzem às cidades; o crepúsculo denso, a esperança, o encantamento e a serenidade. O amado, tudo que me emocionou, tudo que me abalou, que me fascinou e me ergueu, o bem intencionado, o diabolicamente belo. Os brotos fenecentes, a magia, a narcose das verdades eternas. E acrescento só mais 3 , companheiras de casa nesta nova rotina: a empatia, a generosidade (de espírito e de verdade) e o abraço apertado. PQP. Fala sério. Tem algo melhor do que um abraço apertado? Nannaninana. Não vale listar sexo. Afinal, este é um blog de respeito 🙂 . E não é justo colocar na roda chocolates e nem vinhos.
Agora, dêem uma olhada e me digam o que manteriam da lista. E o que acrescentaria, So’ vale 3, no máximo.

Se quiser saber mais deste extraordinário autor, assista esta “Meet the author’ do Passa Porta.
Adorei o post, Betise. Tb levo os intangiveis da primavera, da luz, das águas de rios e mares e lagos, das noites de lua cheia e manhãs roseas de sol, o frescor da brisa e a força dos relâmpagos, da generosidade, da amizade, e acrescento o da ação de cura que eu possa trazer aos que necessitam… Hi, é mto mais do que 3. Mas vale ;-)! . Bjos.
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Me parece que ele não leva a vida também. Porque para que viver se não se pode levar nenhuma dessas felicidades?
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O cara é bem deprimido. Mas talvez ele esteja pensando em quando morrer vai pra um lugar onde não precisará de nada disto. Sei lá
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Pensando aqui o que levaria. Sou um espírito nada evoluído, sou daqueles que teria que voltar inúmeras vezes para aprender alguma coisa. Levaria tanta coisa que não teria malas, nem alma suficiente. Mas é certo que algumas paisagens eu levaria nos olhos e tb alguns olhos que eu amo. Mas vou pensar em mais coisas.
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