Reino Unido sai na frente no luto

Chama-se Jack’s Law = Lei de Jack. E é a mais generosa notícia do mundo para aqueles pais que tiverem o pior dos sofrimentos: perderem um filho ou filha. A partir de abril deste ano, pais – e aqui me refiro a pais e mães, obviamente – terão 15 dias de licença paga no caso de perda de um dependente de até 18 anos. O anúncio feito hoje pelo governo britânico é o mais longo do mundo, inclui natimortos e e aplicada a qualquer empregado independentemente do tempo de serviço.

Para aqueles que estão pensando “Ah so’ mesmo na Inglaterra”, ” Nada como viver em país civilizado” ou algo no gênero, podem tirar o cavalinho da chuva. Como a grandissíssima maioria das conquistas trabalhistas, esta é resultado de uma campanha de 10 anos. Lucy Herd perdeu o filho Jack, de 23 meses, em 2010, afogado numa lagoa. Ao pai do menino foi dado 3 dias de folga, inclusive o do enterro.

Foi uma década de luta. Ela correu aos jornais, pressionou políticos, envolveu a família, os amigos, caridades, celebridades. Seu video de 5 anos atrás ganhou notoriedade nacional. Segurando pequenos cartazes, escritos à mão, ela contou o acontecido para angariar assinaturas apoiando a mudança da lei.

“Meu nome é Lucy Herd e sou a mãe de Josh, Ella, jack e Noah.

“Em agosto de 2010, meu filho Jack morreu afogado na lagoa da minha casa, duas semanas antes de seu aniversário de 2 anos”

“Este fim de semana é Dia das Mães” (Aqui na Inglaterra é em agosto mesmo. Dos pais, em junho)

“Ajude as mães neste Dia das Mães a grieve (conviver com o luto) por mais do que 3 dias. Por favor, assine esta petição no www….”

A petição, dirigida ao então Primeiro Ministro David Cameron, recolheu mais de 150 mil assinaturas nos dias seguintes. O video chamou a atenção de toda a imprensa. Nele, Lucy também ressaltou que 90% dos casamentos onde houve perda de filho(a) terminam em divórcio.

“Logo após a morte de uma criança, os pais precisam lidar com a própria perda, a tristeza da família em geral, inclusive das outras crianças, além de uma grande quantidade de papelada administrativa e outros arranjos. Uma morte súbita ou acidental pode exigir um post-mortem ou inquérito, há um funeral para organizar e há muitas outras organizações para contatar, de escolas a benefícios governamentais ”, disse Herd.

Com certeza, o único benefício que ninguém vai querer receber.

Se quiser saber mais

Lucy falando de Jack hoje

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